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Comunicação: o que importa
Isto também acontece contigo? O teu parceiro de conversa fala, fala, fala, mas tu não percebes o que é que ele quer dizer exatamente? Existe uma diferença entre falar e dizer, entre perceber e compreender. Como é que se consegue uma boa comunicação?
A arte de comunicar
Os pássaros chilreiam, os cães ladram, os gatos miam. Mas não falam. A linguagem ultrapassa a simples comunicação. Apenas os humanos têm a capacidade de falar e perceber. A linguagem desperta sentimentos, estabelece relações e promove a compreensão. É um dom que pode abrir ou fechar a porta aos outros.
Existem situações nas quais é melhor dizer algo. Noutras, o silêncio pode ser a melhor opção. A arte da boa comunicação reside na capacidade de ir realmente ao encontro da outra pessoa: através das palavras, expressões faciais, gestos e compaixão. Consiste na constante reciprocidade entre dar e receber. E requer vontade de se sintonizar com a outra pessoa e de fazê-lo com muita sensibilidade. Existem palavras de honestidade que são construtivas, mas que podem ser também destrutivas se forem ditas sem bondade, com má intenção ou no momento errado. O significado de uma frase depende da relação entre as pessoas envolvidas e do contexto.
Não é o que dizes, mas como o dizes
Quando falamos, comunicamos muito mais do que a mera semântica das palavras. As nossas emoções são reveladas através do timbre e do tom da nossa voz. Quando estamos zangados ou irritados, consegue normalmente perceber-se pelo volume da nossa voz. Quando temos medo a nossa voz fica tremida, e quando estamos entusiasmados a nossa voz assume um timbre mais agudo.
Mas o discurso é mais do que o uso da nossa boca. Comunicamo-lo pelas nossas expressões faciais, postura, gestos e contacto visual. A comunicação não verbal muitas vezes ocorre bastante inconscientemente e pode revelar mais sobre a outra pessoa do que um enxorrilho de palavras.
E as ações, essas falam mais alto do que as palavras. Expressam normalmente muito mais do que palavras belas, gestos amorosos ou olhares compassivos. Nos Atos dos Apóstolos, lemos sobre os primeiros cristãos: “Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos, de acordo com as necessidades de cada um.” (Act 2:45) O escritor da Antiguidade Tertullian descreveu os primeiros cristãos da seguinte maneira: “Vede como se amam uns aos outros”. O amor é realmente uma linguagem muito poderosa, quer seja comunicada por palavras, expressões faciais, ou gestos.
Abertura na comunicação
Santo Inácio de Loyola, também conhecido por ser um mestre da comunicação, descreve o amor reverencial como sendo o cerne da comunicação: “O amor é comunicação de ambas as partes, isto é, quem ama dá e comunica o que tem ou pode a quem ama. Por sua vez, quem é amado dá e comunica ao que ama.” A essência do amor verdadeiro é apresentares-te ao outro como és, sem medos nem vergonha. Abertura e transparência criam confiança. E onde existe confiança, podem ser levantados até os tópicos mais difíceis. Em particular, os noivos que tencionam casar-se devem ser abertos e honestos entre si e não reter nada que seja, ou venha a ser, importante para a outra pessoa. Isto inclui, acima de tudo, acontecimentos de formação de caráter, tais como feridas de infância, relações anteriores, infertilidade, aborto, doenças e adições. Deliberadamente guardar para si informação importante resultará numa quebra de confiança na relação.
Deixa o amor falar
Quando dizemos palavras bonitas uns aos outros, são as nossas bocas a falar. Quando nos abraçamos, são os nossos corpos que falam. Quando damos presentes, são os nossos corações que falam. Até o sexo é uma forma de comunicação, pois o sexo é uma interação íntima.
Quantos problemas no casamento seriam resolvidos se os parceiros fossem mais sensíveis e abertos ao que o outro está a dizer? O Papa Francisco diz que “Muitas vezes os cônjuges não precisam de uma solução para os seus problemas, mas de serem ouvidos. Precisam de sentir que o seu sofrimento, a sua desilusão, o seu medo, a sua raiva, a sua esperança, o seu sonho foi compreendido.”
Portanto, que tal conscientemente olhar e ouvir de novo o outro? Simplesmente estar lá para ele? Porque é como Deus é. Ele espera até que venhas, ouve-te e sim, por vezes até te fala...se O deixares!
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